Morre Michael Josef Jackson, e com ele sinto que morreu a esperança e a ilusão dos anos 80. Assim como aconteceu com sua carreira, aconteceu com nossos sonhos, a princípio com uma força juvenil, uma explosão de hormônios, um sucesso.
Mas o desajuste dos anos 90 e depois, dos nossos dias atuais, esmagaram esta ilusão de que tudo é possível neste mundo onde, de verdade, só os mais fortes sobrevivem.
Morreu antes dele até a sua própria imagem: de negro que venceu o preconceito, a violência dentro do próprio lar, numa época que, para os pais, a disciplina e a surra ainda estavam lado a lado. Morreu antes, pois já havia se transformado tanto que já não remetia mais àquele Michael dos Jackson´s 5 e do lançamento de Thriller. Morre o espírito da "Geração Coca-Cola".
O que fica é a incógnita do que levou o artista que mais fez na música pop mundial a se transformar mais do que os tempos em que ele viveu ?
O resgate da infância perdida, que o fez se aproximar perigosamente de crianças na sua idade adulta e a comprar um castelo e batizá-lo "Neverland" como em Peter Pan ?
O preconceito que venceu com o dinheiro o fez querer se tornar o que não era ?
De qualquer forma, ao menos para este que vos escreve, ele deixará saudades, saudades esta que eu já sentia mesmo antes da sua morte, de um Michael e de uma época que já não existia mais.


















